sexta-feira, janeiro 22, 2010

Primeiros Adeus

E é assim...tanto que eu esperei pelo dia em que finalmente iria deixar o trabalho para trás e passar a contar com o tempo todo livre para poder fazer as mil e uma coisas que agora só tenho tempo de fazer a correr...e afinal...são neste momento 22h, e eu ainda estou no atelier...

...a fazer??

...simplesmente a inventar coisas para adiar o momento em que vou fechar aquela porta atrás de mim, depois de desligar o computador e as luzes e dizer pela última vez um "boa noite" ao atelier que faz neste momento 3 anos que me acolheu...

Juro que não pensei que fôsse sentir este vazio...e o pior é imaginar que se aproximam dois dias de fim-de-semana em que vou ter um lanche/jantar de despedida dos meus amigos de faculdade, um jantar de reencontro e despedida com uma colega antiga de trabalho e hoje à noite ainda uma última saída descontraída com amigos vários...tudo festa e diversão, e no entanto cheira-me tudo a melancolia...cheira-me tudo a despedida e eu nunca gostei de despedidas! Mesmo aquelas do "até já"!

...sinto que tenho o coração pequenino...que se fecha um capítulo que gostava de prolongar...e está-me a custar muito mais do que me custou quando saí da holanda, onde estive 2 anos, onde fiz amigos, mas de onde vim com a certeza de que voltava para os braços de pessoas que me faziam falta na altura...e agora parto feliz, sim, mas sem uma imagem de futuro que me guie para além da viagem, e isso, se por um lado é invejável e fantástico, por outro lança dúvidas e incertezas...
Tudo à minha frente é branco, as possibilidades são mais que muitas e a excitação está ao rubro, mas não contava mesmo nada com o peso desta despedida que se alojou no meu cérebro e no meu coração.

Quero muito aproveitar todos os segundos que conseguir dispensar, no meio da correria de tratar dos últimos pormenores, para estar com o maior número possível de pessoas e ao mesmo tempo só me apetece sair daqui e ir-me enfiar directamente em casa debaixo de uma manta, enrolada no sofá, deitar a cabeça nas almofadas e adormecer...preferia que fosse rápida e indolor esta fase, que quando abrisse os olhos já estivésse a caminho do aeroporto a lamentar não ter tido hipótese de me despedir, e no entanto sinto constantemente que não me quero deixar adormecer, quero ligar a todos, falar com todos, estar e fazer tudo o que ainda puder até ao último minuto...

...O Ser Humano é de facto complicado...e eu sou claramente um exemplo disso!!! Viva a liberdade de poder partir á aventura e ser feliz, e viva tudo o mais que essa liberdade nos faz à cabeça...Bem, se conseguir conservar a sanidade depois desta, posso sem dúvida acreditar que sou capaz de tudo!! :D

quinta-feira, janeiro 21, 2010

TTTRRRRRiiiiiiiiiiiiMMMMMMMMMM

Estou na recta final e não me apetece fazer nada...
só descansar e não pensar nos dias que ainda tenho pela frente...
só imaginar que não tenho nada para fazer e ir andando ao sabor da maré e só fazer o que me apetece...
só aproveitar o sol que renasceu...
só ficar em casa a ouvir música...
só não pensar...
só ter os pensamentos parados...

...alguém me cala o despertador que tenho constantemente a tocar na cabeça?!?!

quarta-feira, janeiro 20, 2010

mudar de rota!

Por mais que lhe tenha já dito que não posso ir carregada e que o número de peças de roupa que posso levar é limitado, acabo sempre por me ver nas lojas, diante de mil e uma coisas que ela gostaria que eu comprásse, e vezes sem conta me vejo com a preocupação de não saber como lhe dizer que não levo por não querer, mas por achar um desperdício o investimento que quer fazer em mim se depois não posso levar comigo...
Sei perfeitamente que tem gosto em me comprar as coisas que já não tem prazer em comprar para si, mesmo que depois se esqueça e acabe por elogiar as coisas que trazemos sem se aperceber que foi ela mesma que nos deu...A idade não perdoa, e ela transformou-se num daqueles Seres que o tempo deixou marinar para trazer ao de cimo tudo o que de melhor e complicado têm as avós.

Moderníssima, a consultar a caixa de entrada das mensagens do telemóvel para onde a minha irmã garantiu ter enviado a resposta que esperava...é o meu orgulho...matriarca e terror da família! Adoro-a!

Sabe que não sei se volto tão cedo e preocupa-se em garantir que não me apercebo do medo que carrega consigo...e eu precupo-me em garantir que não lhe passo as preocupações que tenho cada vez mais...Faço contas ao dinheiro para ver se chega, analiso as possibilidades de modo a garantir que não vou ter de depender do dinheiro de ninguém para pagar a casa que deixo para trás...ou o vôo de regresso...ou deixar preocupações com as pessoas que ficam encarregues do que deixo para trás, ou o que quer que seja...e questiono-me mais uma vez..cada vez mais nos últimos dias...porquê que vou? Ultimamente cada vez tenho menos certezas daquilo que ainda à um mês atrás afirmava fazer sentido e ser a razão que me guiava e perante a qual me curvava sem hesitar.

Decorridos três longos e ao mesmo tempo rápidos anos consegui a proeza de virar o meu mundo ao contrário, e agora que encontro um qualquer tipo de estabilidade, de rotina, e que tenho aquilo a que posso chamar "Home" está na hora de me despedir de tudo e virar as costas em direcção a um desconhecido, ao recomeço, à reconstrução de tudo novamente. Procuro acreditar nos sons que sussurram que não haverá problema, pois tudo estará cá quando regressar, mas sei que nada permanecerá igual...os amigos vão mudar as rotinas que agora conheço, alguns irão casar, outros ter filhos, outros deixar de sair e outros mudar até de rumo e quem sabe já cá não estar quando eu regressar... a família seguirá o seu rumo, unir-se-à e tornará mais uma vez a não contar comigo...e o meu coração adocicado voltará a ser apenas uma máquina que garante a minha sobrevivência... as pessoas passarão a ser vozes que oiço ao longe...

Hoje senti mais uma vez que estou a chegar ao fim, e que vou ter de deixar tudo o que construí, e que a partir desse dia já não vou ver as mesmas caras, já não vou poder falar do mesmo modo com aqueles que hoje me escutam e que um dia quando regressar vou ter uma nova realidade, diferente daquela que deixo e que neste momento tenho muita, mas mesmo muita pena de largar em troca desse vazio cheio de aventuras e paisagens e desconhecido... se tivésse de tomar a decisão neste momento, acho que a tomava novamente, mas precisava de tempo para poder gozar um pouco mais da paz que aqui encontrei finalmente no fim deste ano que passou.

Sinto-me como um animal, que encontrou um abrigo e uma cama após um longo percurso de obstáculos, e que quando finalmente conseguiu fechar os olhos e se aninhou para descansar, o relógio que trazia ao pescoço soou um alarme, e o abrigo e a cama fofa onde finalmente poderia descansar tinham desaparecido, e ele dá por si de novo de pé, na estrada, com os olhos colados de sono e o corpo ainda cansado e sem energia para seguir...Sinto-me assim, de pé, a olhar para a estrada, e sem forças para dar os passos que ainda tenho de dar até poder descansar... e olho constantemente para trás a tentar perceber porquê que não posso simplesmente descansar...

quinta-feira, janeiro 14, 2010

If today was your last day...

My best friend gave me the best advice
He said each day's a gift and not a given right
Leave no stone unturned, leave your fears behind
And try to take the path less traveled by
That first step you take is the longest stride

Against the grain should be a way of life
What's worth the prize is always worth the fight
Every second counts 'cause there's no second try
So live like you'll never live it twice
Don't take the free ride in your own life

If today was your last day
Would you make your mark by mending a broken heart?
You know it's never too late to shoot for the stars
Regardless of who you are
So do whatever it takes
'Cause you can't rewind a moment in this life
Let nothin' stand in your way
Cause the hands of time are never on your side


If today was your last day
And tomorrow was too late
Could you say goodbye to yesterday?
Would you live each moment like your last?
Leave old pictures in the past
Donate every dime you have?
Would you call old friends you never see?
Reminisce old memories
Would you forgive your enemies?
Would you find that one you're dreamin' of?
Swear up and down to God above
That you finally fall in love
If today was your last day

e como disse a sábia tartaruga do kung Fu Panda:
Yesterday is history,
Tomorrow a mistery,
today is a gift...enjoy it well!!

quarta-feira, janeiro 13, 2010

vivam os roubos!!

Faz amanhã uma semana que não tenho tempo nem para pensar em escrever no blog...vou guardando para mim os mil pensamentos e sensações que o dia vai trazendo à minha mente e vou guardando no saco da memória...quando finalmente o despejar até vou ter ficar tonta com a quantidade de informação retida!

De uma coisa me lembro e tenho sempre vontade de falar, do que sinto e vivo neste momento. Mas como mais uma vez o tempo escorre por entre os meus dedos, deixo apenas uma cópia de um pensamento roubado de um outro blog... enjoy

1.12.2010
coisas que fascinam (93)
Há uns dias, em conversa com uns amigos, discutia-se a distância que pode haver entre a capacidade de amar alguém e a vontade de envelhecer com esse alguém. É que às vezes há de facto uma distância entre ambos os estados.
Uma amiga minha apagou uma vela com a ponta dos dedos e, tal como esse fogo, também as suas palavras se esfumaram num sorriso que me pareceu triste: "já amei alguns homens a sério mas nunca quis envelhecer com nenhum".
Não gosto muito, numa primeira análise, da ideia de envelhecer com alguém, principalmente porque me parece que a ela está associado um certo divórcio da vida. Melhor dizendo, dos outros. De todos os outros. Mas não é assim. Pelo menos não tem que ser assim.
Actualmente estou a passar a fase profissional mais complicada de sempre na minha vida, não me apetece nem posso explicar aqui porquê. Sei no entanto que estou a fazer os possíveis para me manter à tona da felicidade e dar a volta a isto. No entanto hoje senti-me a afundar lentamente e ao princípio da noite decidi andar um pouco à deriva numa cidade que não é a minha, entre alguns ombros embrutecidos e a indiferença dos outros. De todos os outros.
Foi num bar de esquina qualquer que, guiado por curtas mensagens de telemóvel, me acabei por encontrar com a minha companheira. Bebemos duas cervejas e comemos uns pratos de polvo com molho verde. Agora não sei bem explicar mas estou bem disposto. Gostava de envelhecer com ela... se puder ser. Entre todos os outros.

By: Bagaço amarelo

quinta-feira, janeiro 07, 2010

momentos...

Entre vacinas, sinais, telemóvel, bancos e Decathlon...estes têm sido dias muito preenchidos!!

A apenas cerca de 25 dias de distância, parto para outro continente, para outra realidade...e por muito que isso me pareça uma opção acertada e à tanto esperada, não há como evitar ansiedades. Os desejos de ter mais tempo para usufruir do que tenho por cá assaltam-me cada vez com mais regularidade. De repente tudo passou e cheguei ao ponto em que me tenho mesmo de me começar a despedir, a marcar os últimos encontros, a apontar as coisas que não me posso mesmo esquecer de fazer, de tratar, de lembrar...

Os dias correm e quando damos por ela nem tempo tivémos de olhar para nós, ou de parar um bocadinho! Felizmente que o Ser Humano tem a capacidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e mesmo com o corpo ocupado, e a mente cheia, consegue-se sempre fugir para aqueles cantos remotos da memória e ir buscar um daqueles pensamentos ou momentos passados que do nada nos põem um sorriso no rosto!.. e ás vezes é tão ridículo estar a andar na rua ou estar numa sala de espera e simplesmente começar a sorrir... rídículo, mas ao mesmo tempo tão lindo!

Tomara poder, todos os dias, ter um deste momentos que nos apanha desprevenidos e nos aproxima de quem nos faz sorrir.
...E eu não me posso queixar! Tem sido um início de ano intenso, cheio de coisas, umas mais complicadas e chatas que outras, mas no total, com um saldo muito positivo!
Faz-me sentir feliz...e na verdade mais do que sentir, acho mesmo que estou feliz!

E só por isso, aqui vai uma música que embora melancólica, me recorda sempre uma história de amor...e eu, lamechas como sou quando estou contente lembro-me sempre destas histórias de amor...vá-se lá explicar!!!!

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Julie and Julia

(Ouvir a música enquanto se lê)


Curioso foi dar comigo a rir-me ás gargalhadas com alguns gestos da personagem da Merryl Strip...e encantar-me com a relação que a cozinheira Julia e o seu marido tinham...
O apoio que ele lhe dava...ela seguia-o, desistiu de tudo para estar com ele e ele reconhecia isso e demonstrava que gostava dela apoiando-a na sua aventura culinária, sempre com muita doçura...e isso é tudo tão importante. É bonito ver duas pessoas que se tratam bem, que se cuidam e mimam...e que o demonstram...porque ás vezes são os gestos pequenos, como um pequeno almoço feito para satisfazer os desejos de quem se quer mimar levado à cama, pode ser tão fácil de realizar, e tão bom de saborear...

O que me faz vir aqui escrever a estas horas (01h00), quando já deveria estar no quarto, a pôr os lençóis lavados na cama desfeita ou a lavar a loiça que acumulei no lava-loiças, foi o facto de ter sentido a mesma satisfação que elas tiveram ao cozinhar e de reconhecer o valor que tem o tempo passado na confecção destes pequenos prazeres.

Adoro cozinhar, adoro ter para quem cozinhar...cheguei a casa e por entre sacos de compras para arrumar, roupa para tentar salvar do estendal onde ficou à chuva, e o caos em que se encontra a minha casa, a primeira coisa em que pensei foi em fazer uma sopa de caldo verde inventado, e pelo meio umas beringelas recheadas com soja para o almoço de amanhã, por entre as fatias de pão saloio cobertas com manteiga de alho, fiambre fumado e queijo gouda salpicado de ervas no forno que preparei para o jantar hoje...
...a minha delícia é cozinhar e imagino sempre, enquanto preparo estas minhas magias inventadas, mas que desde sempre se fizeram, que alguém o vai saborear...que não sou apenas eu e que no final vou partilhar estes sabores que vou inventando com a pessoa que está no meu pensamento e para quem dirijo todos aqueles aromas. Mesmo quando acabo por comer sozinha, penso sempre "huuummm, terias adorado..."

Penso em várias pessoas para quem o gostaria de fazer...mas reconheço que o prazer de cozinhar para alguém de quem se gosta, que nos trata bem, que nos ama e apoia incondicionalmente...o nosso companheiro...tem sempre outro sabor.

Foi um filme bonito, que adiciona de forma mais terra-a-terra o que o filme "Chocolate" nos mostra de forma mais mágica...amor e cozinha...dois temas interligados desde sempre...dois temas que adoro...dois temperos imprescindíveis à receita da vida que vou elaborando com uns toques de descoberta para dar sabor! ;D

...bem...e posto isto vou comer uma sopinha e fazer a cama...Bon apetit!