quinta-feira, fevereiro 24, 2011

You say you need me

A qualidade do som não é dos melhores...mas experimentem sacar este rapazolas e verão que é bem "bacano"!

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

A memória é um osso duro de roer!

Discutimos muitas vezes.
Lembro-me de vezes em que a raiva que sentia por ele era tanta, que nem o lençol de lágrimas que me escorria pelo rosto eram suficientes para camuflar o que sentia dentro de mim.

Lembro-me dos olhos cavados característicos e dos dentes inferiores tortos que apareciam no meio da barba quando irritantemente fazia aquelas brincadeirinhas que só ele sabia fazer e que sempre me incomodaram.

Lembro-me da condução desregrada, dos nervos que me dava andar no carro dele, das palmas repentinas, tão repentinas e altas que me turvavam os sentidos e me impediam de ver o seu sorriso de criança a olhar para nós contente pela travessura que tinha feito.

Lembro-me da luta que nos dava para conseguirmos tirar dele mais uma notinha, de como nos obrigada a argumentar, implorar, regatear pelo que tinha na carteira e de como no final sempre nos lançava um sorriso enquanto agarrava nas notas com força para termos de puxar.

Lembro-me de me ir buscar à paragem de autocarro, com o cão, logo ali em frente a casa às 3, 4, 5 da manhã, de sweat branca, velha, larga, manchada... e aquelas calças de fato de treino azuis que insitia em usar em conjunto com as meias brancas de desporto e o sapato de verniz que tão bem ficava no conjuntinho. Lembro-me do ar cansado, ensonado, despenteado e com o vincos da almofada...a pena que me davas!

Lembro-me das mãos, iguais ás minhas e que tantas vezes depois de voltar da terra traziam marcas de enxada e lascas de madeira ferindo a pele...e das pernas com as canelas marcadas de quedas e mágoas que foi fazendo ao longo dos anos pelos mais variados motivos.

Lembro-me das corridas que dávamos de vez em quando quando me sentia inspirada e que ele nunca recusava. Lembro-me dos patins que um dia comprou e que depois deixou de parte por ter mandado um tralho quando tentou andar sozinho. Dessa experiência apenas resultou num par de patins abandonados.

Lembro-me de me ensinar a andar de bicicleta, de correr tempos infinitos a meu lado segurando na bicicleta e de como fazia aquele truque dos pais que quando olhava para trás afinal ele já não estava lá, e ficava nervosa por estar a andar sozinha.

Lembro-me dos passeios de bicicleta que dávamos pelos jardins de belém, e de como um dia fomos quase até ao Terreiro do passo, e no dia seguinte ele quase nem se podia sentar de dores musculares.

Lembro-me do passo acelerado que sempre tinha e que tantas vezes me obrigou a fincar o pé e parar até que ele se désse conta que estávamos quase a correr, e assim esperar por mim...e dava-me a mão para me puxar, para andar ao ritmo dele...nunca o consegui parar...

Lembro-me de o ver olhar para nós, cheio de fome, enquanto comíamos no chinês onde tantas vezes fomos com ele, e de como passou a preferir mesas mais escondidas.

Lembro-me dos esforços para não mostrar que se sentia sozinho, das revistas que usava como bandeja e que depois ficavam abandonadas no sofá, da loiça por lavar acumulada no lava-loiças. Do cheiro da casa.

Lembro-me de como insistia sempre para que ligássemos à mãe, apesar do frete de jovens imberbes estampado na nossa cara.

Lembro-me de quando o vi sem barba pela primeira vez em 28 anos, e de como descobri um pai comido pela dor, mas sempre cheio de força para lutar.

Lembro-me da perna, do pé, da mão pendurada, do corpo sem carne debaixo do fato que usava para esconder a magreza excessiva.

Lembro-me da cama, das máquinas, das mãos secas e do corpo imóvel e tragado, enquanto os olhos sedentos não parávam um segundo.

Lembro-me de quando me despedi dele quando tudo o que me apetecia dizer era que não fôsse, que não lhe tinha dito tudo o que ele precisava de ouvir, que não sabia viver sem as constantes surpresas e sustos que frequentes que me deu. Não lhe disse que o meu jeito seco foi herdado com tanto carinho do seu Ser e que apesar de o negar, sou o reflexo do amor dele.

Ainda me protege em sonhos. Ainda me agarra na mão e obriga a andar. Ainda me sorri e faz travessuras. Ainda me recorda com frequência que não estou sozinha e que esperará naquela paragem as vezes que forem precisas, o tempo que fôr preciso para que eu me diverta sem preocupações.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Conexão

Há coisas que nos espantam, que nos surpreendem.

Neste mundo, terreno ou não terreno que nos suporta, dá vida e orienta, existe uma qualquer força que nos une, movimenta e ajuda.
Hoje estou mais crente do que nunca de que não estamos sós.
Somos e formamos uma energia que não tem explicação, mas que não nos abandona nunca.

Vivo uma experiência que nunca tinha vivido antes.

Lembro-me dos dias em que as coisas corriam mal...lembro-me de dias distantes e difíceis em que tudo era complicado, tirado a ferros!...lembro-me de chorar, de desesperar e de acreditar piamente que nunca as coisas seriam fáceis para mim e que há pessoas que têm tudo facilitado por uma qualquer energia ou superioridade que lhes permite flutuar pela vida sem dificuldades, e que outros, como eu, embora sem terem do que reclamar, teriam sempre de lutar para chegar onde achavam que deviam.

Hoje concluí que algo devo estar a fazer, ou devo ter feito para ter a sorte que tenho de ter a família que tenho, os amigos que tenho, a vida que levo e nunca, nunca ter estado realmente só em nenhuma luta, por muito dificil que fôsse. Nem sempre as coisas foram fáceis, mas poderiam ter sido bem mais difíceis ou complicadas, e muitas vezes, eu sei, que fui eu que fui atrás dessas dificuldades.
Não tenho dúvidas de que sempre lutei por tudo o que obtive mas se não fôssem as pessoas que tenho ao lado, metade do que sou hoje eu não seria.

Hoje experimentei e assimilei pela primeira vez que o céu está do nosso lado.
Hoje caiu sobre mim uma qualquer noção, iluminação, uma "coisa" que me fez perceber que há algo que me ajuda, que me acompanha e que seja o que fôr um dia vou ter de retribuir, e espero do fundo do meu Ser ter a capacidade de o ver com clareza e poder fazê-lo tão bem como hoje o fazem diáriamente por mim. Espero conseguir ver claramente que está na minha hora de fazer o mesmo pelos outros...que não é pouco!!
Acho realmente que hoje assimilei o que é a generosidade.

Espero que o que aprendi nunca desapareça do meu cérebro e que o meu coração consiga ser tão aberto e tão generoso como o dos que me rodeiam. Que bom sentir que mesmo dadas as minhas condições não estou sozinha e sou, sim, sem a menor dúvida, sou feliz! Que mais poderia ser se não simplesmente uma pessoa feliz?
Que sensação estranha e plena e que tão estranhamente não está relacionada com qualquer relação amorosa, mas simplesmente com a compreensão de que o mundo não me dificulta nada, e pelo contrário me ajuda em todos os sentidos!

Acho que se não fôssem as dificuldades que vivi, e na verdade chamar-lhe dificuldades parece-me neste momento tão superficial, não seria capaz de o ver com tanta clareza como o vi hoje.

Será que algum dia conseguirei realmente explicar por palavras o que sinto?
Será que algum dia conseguirei ser para os outros o que hoje são para mim?
Será que tenho em mim a generosidade para dar como hoje recebo?
Será que sou capaz de acreditar sempre nesta força e deixar que ela me guie sem duvidar?

Não sei...mas espero pelo menos nunca esquecer este período da minha vida e tudo o que ele me ofereceu!

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

há que saber usar as palavras

Não me contive, e depois de ler isto tive de transportar para aqui estas palavras...chamem-me o que quiserem, mas nada como saber usar as palavras!

"Às vezes dizes que não te ouço. Não é verdade. Eu ouço-te sempre, só que às vezes não sei o que dizes. E não, não é por não te compreender. É porque gosto de mergulhar na tua voz em inconstantes apneias de Amor. Nunca dançaste ao som duma música sem ligar nada à letra? Pois é isso mesmo, às vezes falas e eu danço. Porque te amo."

Garras e asas de condor...

Neste grandioso dia, achei por bem deixar a minha mensagem...

Desde sempre que este poema me acompanhou... se estou triste, são os seus versos que canto...se estou apaixonada canto-o ainda mais alto...se estou bem, nem me lembro dele!

No entanto, hoje, dia dos namorados em Portugal, resolvi recordar os meus dias de paixão e o que fiz um dia para alguém especial que ainda guardo comigo.

A essa pessoa que não houve os meus murmúrios, aqui fica um recuerdo de bons tempos...

Ser Poeta é ser mais alto,
É ser maior do que os homens
Morder como quem beija,
É ser mendigo e dar como quem seja,
Rei do Reino de Aquém e de Além dor.

É ter de mil desejos o esplendor,
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede fo infinito!
Por elmo as manhãs de ouro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito

E é amar-te assim, perdidamente,
E é seres Alma e Sangue a vida em mim,
E dizê-lo cantando a toda gente...

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

De tudo...nada...

um dia falei de saudade...de como falar sobre o que nos dá saudade torna a ausência mais pesada...
um dia falei de força...de como pode ser audaz como uma espada que abre caminho e outras vezes essa mesma espada ter o peso de uma cruz dificil de transportar ao longo do caminho...
um dia falei do vazio...de como a sua presença consegue encher o espaço e esvaziar a alma...
uma vez falei de mim...de como abarco tanto e ao mesmo tempo não deixo que me limitem...
uma vez falei de ti, de quem me ama...de como isso me faz falta e mesmo assim não me acalma...

falei...falei...falei...e no entanto, por mais que escute, parece que não ouço...e a ausência entristece, e a cruz é arrastada pelo chão deixando marcas que ninguém vê, e o vazio sufoca, e o espaço livre não me conforta...e a calma não me satisfaz...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Escolhas

1 ano desde que me afastei do meu mundo e parti...

...e eu ainda não sei se me sinto feliz ou infeliz...Quanto faltará para perceber isso?