sexta-feira, novembro 18, 2011

A insegurança dos dias!

Há dias em que somos muito, estamos bem, estamos saciados da vida e tranquilos.
Outros há em que nada nos parece seguro, nada nos convence, tudo nos parece frágil e sem explicação.

O segredo deve estar em conseguir compreender que esses dias vão e vêm como os dias de sol ou os dias de chuva...

Para ti que me lês e que me conheces...

Era assim que eu gostaria de pensar sempre:

“I'm selfish, impatient and a little insecure. I make mistakes, I am out of control and at times hard to handle. But if you can't handle me at my worst, then you sure as hell don't deserve me at my best.”

...o problema é que quem pensa assim nada tem de inseguro, mas muito de auto-estima!
Mas que era bom ter esta força toda...era!

sexta-feira, setembro 30, 2011

À porta fechada

Eles são vários.
Não me posso queixar. Embora o faça. Talvez numa tentativa de camuflar uma solidão, um isolamento auto-imposto e natural.

Todos os dias me encontro com um deles.
Uma palavra, um comentário, um olhar...

Aos pouco apercebo-me que sou eu quem se ausenta, sou eu quem se desvia e retrai.
Não percebo porquê que a porta se trancou nem imagino quando a chave rodará novamente na fechadura já ressequida do tempo e da falta de uso.
A porta está fechada e não se sabe quando se abrirá de novo...

Limpezas

O silêncio que nos fica na alma após a ausência de alguém a quem queremos bem, é algo inexplicável...

Cada um tem o seu processo de adaptação, análise, interiorização...uns preferem ausentar-se de sentimentos, outros inundar-se deles...eu descobri que não estou bem nem de um modo nem do outro. Prefiro calar e perder-me no esforço do corpo e no esquecimento do espírito. Na verdade, só consegui absorver o acontecimento após diluir-me na água das limpezas, no pó das varridelas, no pano da loiça e na companhia de uma casa vazia e ao mesmo tempo tão cheia dos últimos pequenos almoços e serões prolongados!

A casa ficou um mimo, e eu fiquei limpinha de alma...ou pelo menos, com a ilusão de que tudo está onde deve estar, arrumado e ordenado.

quinta-feira, agosto 04, 2011

... and be loved in return!

Somos senhores de muitos sentimentos e sensações. Capazes de racionalizar e desconstruir o mais elaborado acontecimento físico, emocional ou espacial.
Temos em nós a capacidade imensa de nos reinventarmos, saciarmos as nossas vontades como prazeres que mais nenhum Ser na terra é capaz.
E no entanto...
No entanto somos básicos e primários como os nossos os nossos primos mais próximos, mas sempre com a ideia de que somos superiores nas nossas intensões e capacidades! Nada como um macaco para nos mostrar o quanto evoluimos e ao mesmo tempo, o quanto não nos conseguimos afastar da nossa essência.
Podemos percorrer o mundo ou nem ansiar sair de casa. Ir à lua, ou desbravar os oceanos.
Somos e seremos sempre tão somente Seres feitos de carne e osso, irradiando uma luz que não compreendemos e procurando entender porquê que no final, depois de tanto que já percorremos, apenas nos interessamos por uma coisa...Ser aceite, Amar e ser Amado de volta!

quarta-feira, julho 27, 2011

Solidão...

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...Isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa Alma!


Francisco Buarque de Holanda

segunda-feira, julho 25, 2011

Enquanto houver estrada para andar...

"Tira a mão do rosto, não penses mais nisso...
O que lá vai já deu o que tinha a dar!
Quem ganhou ganhou e usou-se disso,
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar!!

Que a dependência é uma besta que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca que sabe o quanto vale um beijo..."


By Jorginho

quinta-feira, julho 07, 2011

Ás vezes é no meio de todos que nos sentimos mais sozinhos...

quarta-feira, junho 29, 2011

pequenos grandes nadas tão cheios de tudo!

Os dias correm como os pumas...de forma rápida e indolor, quase como se não tivéssemos os pés na terra.
Flutuo pelo espaço e pelo tempo, em busca do meu espaço e do meu tempo, está tudo meio perdido, mas bem presente...isso eu sei!
Porque o presente é sem dúvida a nossa maior certeza...estamos onde estamos e estamos a viver o que vivemos. O ontem já passou e o amanhã pode nem vir. Mas hoje, estamos aqui e somos assim e sentimos assim. Amanhã logo se vê!
O presente é sempre aquele momento em que nem nos apercebemos do que está a acontecer, aquele momento quase inexistente, em que nem vemos as consequências nem a beleza de algo que provávelmente não repetiremos da mesma maneira, e mesmo assim, temos tendência a ignorar o presente, os acontecimentos mais singelos, os mais subtis, aqueles que nos acontecem neste momento sem nada nem porquê...esses, que sem nos apercebermos nos marcam e tatuam em nós a impressão geral do momento, bom ou mau. Quando olhamos para trás temos sempre uma impressão positiva ou negativa do que estamos a ver. Ás vezes pode ser uma lembrança de algo positivo, um momento, um beijo, umas férias e no entanto está marcada de algo negativo...e pronto...está estragada a lembrança e nem sabemos bem porquê que as coisas boas não se sobrepõem ás más, se a boa foi tão boa e a má tão insignificante e tão pequena...humm...estranho, não?
Somos assim, insensíveis e indigentes. Vagueamos pela vida sem nos darmos conta que é tudo o que temos e é tudo tão bom. O passeio na praia, os caminhos mal encontrados, os mergulhos sem pára-quedas nos infortúnios da nossa existência. Somos feitos de tudo isto e de nada nos apercebemos. Somos singelos, obscuros, masoquistas e profundos apreciadores de nós mesmos enquanto seres errantes e cheios de inteligência e certezas.
São tantas, tantas certezas que no fundo somos apenas um insuflado de dúvidas sem resposta... somos assim, um vazio cheio de tudo, uma certeza carregada de nada, uma vida intensa carregada de pequenas mortes. Somos assim, tanto e tão pouco. Andamos pela vida e vê-la passar e no entanto não paramos de correr para a agarrar...
Somos assim...e afinal o que somos mesmo??

sexta-feira, junho 24, 2011

...

De todas, uma certeza persiste...não é fácil.

Cada vez que vejo uma porta de rede a fechar-se, imagino-me lá dentro.
Consigo sentir o ar que passa por entre a rede e saber que ali é onde me sinto em casa.

Se um dia eu conseguir chegar a ter aquela porta por onde entrará o cheiro de alfazema e das folhas das árvores de fruto será o dia em que poderei dizer que consegui ...humm...ou talvez não, mas pelo menos estarei lá perto....bem pertinho de ter a vida que neste momento desejo, e que sei que será onde terei a paz que procuro...poderão faltar outros complementos à minha felicidade, mas pelo que sei hoje, o caminho está traçado...se não chegar ao fim chego pelo menos ao meio e de lá...bem...um passinho de cada vez...a solidão não me assusta, principalmente se estiver rodeada de aroma a alfazema, árvores de fruto, um bolo a arrefecer na janela e o som dos pássaros que brincam por perto...e claro, a voz dos amigos sempre prontos a aparecer!

terça-feira, maio 24, 2011

onde?

Para onde vai o sentimento que nos une?

Para onde vai a raiva, o amor, a saudade...?

Para onde foi o sentimento que nutriamos um pelo outro?
Para onde foi a raiva que sentia quando olhava para as tuas fotos?
Para onde foi o amor que senti?

Para onde foi a alegria, a tristeza, a solidão...?
Para onde nos deixámos levar para enganar os sentimentos...para onde se esgueira a dor, a amargura, o vazio que transportámos dentro de nós ou a leveza que nos impedia de ficar com os pés no chão?

Para onde vai tudo o que um dia fomos, o que um dia sentimos, o que um dia nos desesperámos por mostrar ao outro e fazê-lo sentir o que nós sentíamos?

Para onde vai tudo o que fomos, o que sonhámos, o que ambicionámos?

Para onde vamos nós...para onde vou eu...para onde foste tu...onde nos escondemos?

...

...cucu...estás ai?...estou ai?

segunda-feira, maio 23, 2011

Amigo

A distância ás vezes ajuda a clarificar a escuridão, a conseguir desenhar melhor os contornos do que achávamos que não tinha desenho possível...a ver com o coração o que os olhos já não conseguem ver...

Aos poucos o rosto que quem realmente está ao nosso lado vai-se formando, moldando, definindo, e quando damos por ela, não são tantos, ou talvez mais do que estávamos à espera mas com certeza serão os que merecem verdadeiramente ser chamados de Amigos!

Uns escrevem outros não, uns ligam outros não, uns mandam sinais outros não...mas inevitávelmente sabemos quem realmente lá está, distante, mas tão perto, tão atento, tão...cheio de tudo o que nos faz falta!

sábado, maio 14, 2011

thought of you...

Casca grossa

Se eu tivésse de descrever agora o meu estado de espírito...não seria fácil.

Eu teria de falar dos problemas, das dificuldades, das angústias, das confusões, dos filmes...enfim de tudo o que se passa na minha cabeça...mas também teria de falar das coisas boas que compõem o meu mundo....teria de falar dos meus sonhos, das minhas viagens, dos meus amores, do meu coração... teria de revelar que sou casca grossa...uma casca grossa delicada e recheada de uma polpa elástica e resiliente. Sim, eu sou assim. Sofro, choro, arranco os cabelos, mas levanto-me e sigo sempre em frente. O meu estado de espírito esconde-se debaixo da casca grossa e por cima da polpa elástica.

Gostáva muito de ser daquelas pessoas que conseguem sempre ser protegidas, daquelas que os outros rodeiam de cuidados e meiguices para que não sofram.
Gostáva de ser delicada como uma flor...cheirosa...macia...todos gostam de flores!
Mas eu...eu sou mais um tamarindo, ou uma laranja...quem sabe até se não poderia ser um abacate (sempre tem a pele um bocadinho mais fina, e aqui eles podem ser bem doces!)!

Se gosto de ser assim? Ás vezes não...parece-me sempre que só conseguem ver o que eu realmente sou quando chegam à polpa, quando conseguem romper a casca que eu evito sempre que seja rompida (não vá o sumo escapar!) e que, infelizmente, não tem o charme das pétalas de uma flor, não inspira o cuidado que a flor inspira, não emociona como uma flor consegue emocionar.

Gostáva de vos conseguir falar de coisas bonitas, de escrever como uma poetiza, de deslumbrar os que me rodeiam como meu charme. Mas eu sou assim, casca grossa, dura e delicada...cheia de sumo e muito real...nada de etéreo, nada de transcendente, nada de espectacular.
Ás vezes tenho pena de não ser mais frágil ou de o conseguir demonstrar...talvez me facilitásse a vida...talvez não me magoásse tão profundamente nem o sentísse tão dramáticamente quando me perfurássem a casca, porque esta seria mais fina e o pico não teria de entrar com tanta força para magoar, seria sempre mais superfícial, mas não, está tudo tão fundo que quando finalmente chega é forte o suficiente para quase me derrubar...quaaaase...salvam-me sempre as características da polpa que guardo cá dentro!

Mas eu sou a sim...este é o meu mundo....carregado de sonhos, de viagens, de amores, de um coração que se entrega, se emociona, se perde... um coração escondido bem no centro de um fruto de casca grossa ...e sabem que mais? Ainda bem que existe essa casca e essa polpa resiliente senão, como é que eu ia conseguir ser como sou, levantar-me e seguir em frente?

segunda-feira, maio 02, 2011

what to do

"This is me changing the world...what the fuck have you done lately?"

Have you been doing? what you realy want? Have you been fallowing your dreams?
Have you been working without questioning why you are really doing it?
Have you been loving anyone?
Have you been anywhere?
Have you been living until now?
Are you realy alive?
Do you feel alive?
So...
You know what to do!

quinta-feira, abril 21, 2011

The Quest

Os dias correram e o som dos meus murmúrios perderam-se no tempo...

Hoje nada tenho para escrever aqui, excepto isto:

Tudo o que passamos e vivemos serve para construir os que somos.
É importante que, ao descobrirmos como realmente somos e o que queremos, não nos esqueçamos de lutar por isso, senão de que serviu termos passado por tudo o que passámos e termos aprendido tudo o que aprendemos?

Porquê termo-nos tornado no que somos senão para alcançarmos os nossos sonhos!?!?

Assim sendo...vão, corram, voem, mas não deixem escapar o que vos faz feliz.



(Foto sobre as margens do lago Titicaca)

terça-feira, abril 05, 2011

=)

Ela - Que estás a fazer?
Eu - A lavar a loiça.
Ela - Isso vejo eu, mas para que é tanta água?
Eu - Tanta água?
Ela - Sim, não é preciso encher o lava-loiça com tanta água.
Eu - É, é. Se não puser muita água isto fica cheio de resíduos de comida.
Ela - Se puseres muita água, a densidade do detergente é menor e portanto lava pior a loiça.
Eu - Ponho mais detergente até a densidade me parecer bem.
Ela - E gastas mais água e mais detergente. Para isso não ficar com resíduos de comida passas a loiça por água antes de a lavar.
Eu - Assim gastas ainda mais água.
Ela - Gasto mais água mas não gasto mais detergente.
Eu - Mas gastas ainda mais água do que água e detergente juntos com a minha técnica.
Ela - E não.
Eu - E sim.
Ela - E não, e como estás na minha casa fazes como eu quero.
Eu - Então fazes tu, que eu tenho mais que fazer que obedecer a regras com que não concordo.
Ela - Muito bem. Prefiro fazer eu do que ficar mal feito. E não tornas a aproveitar eu ir à casa de banho para começares a lavar a loiça.
Eu - Não torno? Pois não. Acho que para a próxima é melhor jantarmos num restaurante. Assim ninguém lava a loiça.
Ela - Se calhar é melhor, é. Aí estamos de acordo.

Retirado do Blog "nao compreendo as mulheres"

O Amor é importante porra!

domingo, março 27, 2011

Na companhia da minha solidão

A solidão tem destas coisas...
É nestes momentos que nos damos conta do que realmente sentimos, do que gostamos, do que queremos, e até conseguimos superar as nossas expectativas ao descobrir do que somos capazes.
Os momentos em que conseguimos estar realmente a sós são de facto uma benção para a nossa sanidade. É necessário termos o nosso espaço e a nossa identidade livre para ser explorada.

Quando era nova não sabia que precisava disto. Sabia que precisava de voar, de conhecer, de aprender, de errar e de sentir...acima de tudo sentir.
Mas a vida vai-nos levando por onde quer, mesmo que achemos que somos donos do nosso destino e que fazemos dele o que queremos...na verdade não fazemos.

Somos dependentes de muita coisa. Dinheiro, saúde, família, sentimentos...tudo isto nos controla, nos domina. Achamos que somos racionais e se soubermos bem dar a volta havemos sempre de conseguir o que ambicionamos.
Eu acredito que conseguiremos o que ambicionamos sempre, mas as nossas ambições mudam...consoante o nosso dinheiro, saúde, familia...sentimentos...
A solidão obriga-nos ao confronto com as nossas possibilidades e impossibilidades.
A solidão pode-nos oprimir ou até libertar...depende bastante de tudo o que referi acima e talvez até de mais coisas.

Hoje estou sozinha.
Consegui até ficar sozinha em casa!! Quem diria...depois de tanto tempo!
Hoje estou feliz. Consegui ter o meu silêncio nem que seja apenas por este dia e meio. Consegui de novo ser dona do meu tempo e das minhas vontades.
Está na hora de ligar a musica, sentar-me naquela mesa e ocupar as mãos para desocupar a mente que está tão carregada de ideias que ainda não consegui passar para a realidade.

Hoje é o dia.
Agora é o momento...
...o momento em que transformo o tempo e o espaço exactamente naquilo que quero e que me satisfaz.

terça-feira, março 22, 2011

Dores inesquecíveis

As coisas são mesmo assim.

A morte, a ausência, a solidão...são momentos que nos marcam sempre mais do que qualquer momento de alegria, êxtase ou paixão.

Um momento de alegria, ás vezes causado por coisas muito desejadas não consegue superar os momentos em que o nosso coração aperta. Um sorriso não absorve a dor da ausência, um beijo não compensa a ausência causada pela morte, e uma palavra, embora quebre, não acaba com a solidão. Tudo o que nos entristece fica guardado por muito mais tempo. Fica a matar por dentro, a corroer como um parasita... Há que matar o parasita e transformar as nossas dores e momentos tristes naquilo que nos faz melhor ... A alegria!

Para ti, meu doce amigo...um beijo carregado de alegria e amor para te aliviar a dor.
(Viste?!!?! Fiz uma rima!!)

PS: Gosti :)

sábado, março 12, 2011

No barulho das luzes os olhos fecham e os sentidos acordam

Finalmente consegui matar as minhas saudades de uma boa noitada.

Fomos parar a um lugar escuro, pequeno, e com o cheiro flutuante de chicha. Sabem aquele cheiro a fumo branco com sabores que se entranha nos nossos pulmões quando inspiramos o fumo da chicha? Era ssim que o ar estava naquele pequeno espaço escuro em que nos fomos enfiar.
Ninguém sabia bem onde nos metíamos, mas diziam que era um lugar onde, sem prometer nada, nos poderíamos surpreender! E assim foi.

No início soube-me a saudade. Recordei as noites lisboetas onde para terminar em grande nos enfiámos tantas vezes em lugares idênticos áquele, e onde, sem uma palavra e ao som de muita música, cada um se exprimia e libertava as suas vontades de tristeza, alegria ou até romance.

O ambiente era bom, mas as pessoas eram diferentes dos lugares onde fui tantas vezes.

Eles eram dois. O 1 e o 2 que resultavam num total de dois bonitões vestidos de preto. Amigos pensei eu, embora com algumas reservas. Quando dei por ela havia um 3 próximo. Pareceu-me que se queria fazer amigo deles mas afinal acabou em pouco tempo a dar beijos intensos ao 1. O 3 afastou-se lentamente. Regressou. Chegou-se a eles, ora de costas, ora de frente, meio perdido, sozinho. Nem o boné que leváva conseguia esconder a sua busca por companhia.

Atrás de mim, pertinho da parede estava o "A" e o "B". O "A" era bonito e de meia estatura. Permaneceu a noite toda docemente enlaçado num beijo longo com o "B". Os braços de "B" tinham uma pele suave e morena que se deixavam revelar por uma meia-cava branca. Tinha uma barbinha rala, e com as ajuda das mãos escondia no seu rosto de olhos fechados, o sentimento que deles os dois emanava.

À frente dei de caras com o "X" e o "Y". Com um sorriso puxado na boca que mantinha fechada, "Y" apontava o rosto para cima e não conseguia deixar de mostrar a satisfação que sentia em ter "X" ali, de costas para ele, a subir e a descer o seu corpo de encontro ao dele. Não foi surpresa encontrá-los mais tarde próximo do espelho escuro, dando beijos carregados da satisfação que se tem quando se saboreia finalmente um fruto à muito tempo desejado.

Foi então, que no meio da confusão de pessoas pareceu ele. Ou melhor, eles! Ele era pequeno, roliço e escondia-se numa t-shirt "oversized" branca que lhe chegava quase ao joelho e apenas revelava uma parte dos calções de ganga que chegavam até meio da canela. Estava de havaianas. No rosto escondia uma covinha do lado direito que ficava visivel nos poucos momentos que o vi sorrir. Tinha um ar de duende que era reforçado pela barbicha em bico que lhe pendia do queixo. Estava envolto numa núvem de silêncio e alheamento do espaço onde estava. Ela, sorridente, encostava o rosto ao dele, e, de narizes juntos trocavam palavras intercaladas por beijos esporádicos e alegres. Era mais alta que ele mas isso só o tornava mais doce aos meus olhos.

E ali estava eu, aos saltos, dançando no meio de amigos e desconhecidos que preencheram o meu mundo por umas horas. E o pouco tempo que ali estive, não consegui parar de sorrir, e de me sentir isolada mas tão acompanhada, porque afinal estava no lugar onde até os mais tristes e solitários encontram o conforto para as suas almas...mesmo que apenas por umas horas, mesmo que das maneiras mais estranhas e promíscuas...mas afinal, todos somos iguais, todos precisamos de sentir uma mão quente percorrer-nos o rosto de vez em quando, um beijo ardente queimar-nos os lábios dormentes, ou até mesmo o fogo do corpo a acordar porque por uns breves instantes o mais improvável dos fósforos nos acendeu a chama que tantas vezes esquecemos que existe em nós ou que simplesmente aceitámos que se mantivésse apagada em prol da moral e dos bons costumes...

sexta-feira, março 11, 2011

A grandiosidade da nossa pequenez

Foi no chamada "ônibus" que me lembrei dele.
Há quanto tempo já não o vejo? 2, 3 anos? Sim, talvez uns 3.

Os meus pensamentos escorreram até ele quando me debruçava sobre o nosso último e mais recente contacto. As palavras frias e existentes quase só por educação são a única coisa que hoje trocamos. E só pelos aniversários! Quase como se fôsse para que não fique no ar a sombra de uma ausência mal educada e desinteressada. Não depois de tudo o que vivemos. Foi muito tempo, iria parecer mal!!

E hoje eu pergunto:
Como é que as pessoas conseguem pôr de lado anos de convivência, luta, amor e crescimento em tão pouco tempo, e nem sequer se ressentirem da ausência do outro?
Como é possível que os vários anos, meses e meses de convivência se percam no silêncio da ausência total e desinteressada?
Como é possível que sejamos capazes de substituir sem dó nem piedade os momentos doces, alegres ou mesmo os maus, pela completa ausência, como se essa pessoa nunca nos tivésse sido importante? Como se os anos não tivéssem deixado marcas, como se o correcto fôsse esquecer o passado e viver o presente, porque o presente é sempre mais apelativo, mais surpreendente e misterioso...E depois até se chegar ao cansaço que leva à separação, ainda há muitos bons anos para viver, mas...e depois? É assim? Tem mesmo de ser assim?

Lembrei-me dele porque nunca percebi como fomos capazes de chegar a este ponto. Será que se lembra de mim? Não digo lembrar de sentir saudades, mas lembrar-se simplesmente, tal como eu o faço por um motivo ou outro que me leva às minhas experiências anteriores? Será que é possível que nunca tenha vontade de saber como estou, se eu, apesar de tudo, ainda tenho curiosidade por saber dele?

Os anos passam e tudo acalma. E o Ser Humano a tudo se adapta, mas não posso deixar que passe despercebida a minha falta de compreensão para a indiferença a que somos capazes de nos entregar, sem esforço algum, a um incontável número de coisas e situações e pessoas...

Somos de facto grandiosos como Seres... mas conseguimos ser tão pequenos nos nossos sentimentos!

sábado, março 05, 2011

Dromedário esvoaçante

E então ela sentou-se. Preparou o caderno e escreveu.

Despejou ali tudo o que sentia e ao mesmo tempo nada dela saiu. Tudo continuou guardado, tudo continuou em silêncio, porque o som que dela saia não era audível senão para aqueles que não podem falar.

Escreveu...escreveu...escreveu...falou com tudo, com todos, sussurrou, gritou, e no entanto nada, mas mesmo nada saiu.
Continua a navegar nas suas palavras, sozinha, como um marinheiro perdido na imensidão do mar.
Continua a carregar o peso de tudo o que transporta nas costas, como um dromedário cheio de reservas mas que morre de sede. Dromedário sim...apenas uma bossa, porque uma basta para guardar tudo de tão comprimido que está, de tão guardadinho e encaixadinho. É cuidadosa até no modo como conserva aquilo que a sufoca, porque quem sabe se assim apertadinho sufoca menos, porque quem sabe se assim escondidinho ninguém nota o peso que ás vezes lhe verga a coluna que todos vêem tão direitinha.

Não se queixa do peso, afinal, foi ela que o guardou ali.
Há quem o deite fora. Ela, pelo contrário,conserva tudo como quem não conserva nada.

No outro dia cruzei-me com ela no autocarro.

Naquele dia consegui ver-lhe a bossa que disfraçava sorrindo e descrevendo imagens coloridas que me enchiam os olhos.
Naquele dia, quando a vi afastar-se percebi que até os pássaros ás vezes descem à terra para transportar os seus fardos disfarçados de liberdade.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

You say you need me

A qualidade do som não é dos melhores...mas experimentem sacar este rapazolas e verão que é bem "bacano"!

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

A memória é um osso duro de roer!

Discutimos muitas vezes.
Lembro-me de vezes em que a raiva que sentia por ele era tanta, que nem o lençol de lágrimas que me escorria pelo rosto eram suficientes para camuflar o que sentia dentro de mim.

Lembro-me dos olhos cavados característicos e dos dentes inferiores tortos que apareciam no meio da barba quando irritantemente fazia aquelas brincadeirinhas que só ele sabia fazer e que sempre me incomodaram.

Lembro-me da condução desregrada, dos nervos que me dava andar no carro dele, das palmas repentinas, tão repentinas e altas que me turvavam os sentidos e me impediam de ver o seu sorriso de criança a olhar para nós contente pela travessura que tinha feito.

Lembro-me da luta que nos dava para conseguirmos tirar dele mais uma notinha, de como nos obrigada a argumentar, implorar, regatear pelo que tinha na carteira e de como no final sempre nos lançava um sorriso enquanto agarrava nas notas com força para termos de puxar.

Lembro-me de me ir buscar à paragem de autocarro, com o cão, logo ali em frente a casa às 3, 4, 5 da manhã, de sweat branca, velha, larga, manchada... e aquelas calças de fato de treino azuis que insitia em usar em conjunto com as meias brancas de desporto e o sapato de verniz que tão bem ficava no conjuntinho. Lembro-me do ar cansado, ensonado, despenteado e com o vincos da almofada...a pena que me davas!

Lembro-me das mãos, iguais ás minhas e que tantas vezes depois de voltar da terra traziam marcas de enxada e lascas de madeira ferindo a pele...e das pernas com as canelas marcadas de quedas e mágoas que foi fazendo ao longo dos anos pelos mais variados motivos.

Lembro-me das corridas que dávamos de vez em quando quando me sentia inspirada e que ele nunca recusava. Lembro-me dos patins que um dia comprou e que depois deixou de parte por ter mandado um tralho quando tentou andar sozinho. Dessa experiência apenas resultou num par de patins abandonados.

Lembro-me de me ensinar a andar de bicicleta, de correr tempos infinitos a meu lado segurando na bicicleta e de como fazia aquele truque dos pais que quando olhava para trás afinal ele já não estava lá, e ficava nervosa por estar a andar sozinha.

Lembro-me dos passeios de bicicleta que dávamos pelos jardins de belém, e de como um dia fomos quase até ao Terreiro do passo, e no dia seguinte ele quase nem se podia sentar de dores musculares.

Lembro-me do passo acelerado que sempre tinha e que tantas vezes me obrigou a fincar o pé e parar até que ele se désse conta que estávamos quase a correr, e assim esperar por mim...e dava-me a mão para me puxar, para andar ao ritmo dele...nunca o consegui parar...

Lembro-me de o ver olhar para nós, cheio de fome, enquanto comíamos no chinês onde tantas vezes fomos com ele, e de como passou a preferir mesas mais escondidas.

Lembro-me dos esforços para não mostrar que se sentia sozinho, das revistas que usava como bandeja e que depois ficavam abandonadas no sofá, da loiça por lavar acumulada no lava-loiças. Do cheiro da casa.

Lembro-me de como insistia sempre para que ligássemos à mãe, apesar do frete de jovens imberbes estampado na nossa cara.

Lembro-me de quando o vi sem barba pela primeira vez em 28 anos, e de como descobri um pai comido pela dor, mas sempre cheio de força para lutar.

Lembro-me da perna, do pé, da mão pendurada, do corpo sem carne debaixo do fato que usava para esconder a magreza excessiva.

Lembro-me da cama, das máquinas, das mãos secas e do corpo imóvel e tragado, enquanto os olhos sedentos não parávam um segundo.

Lembro-me de quando me despedi dele quando tudo o que me apetecia dizer era que não fôsse, que não lhe tinha dito tudo o que ele precisava de ouvir, que não sabia viver sem as constantes surpresas e sustos que frequentes que me deu. Não lhe disse que o meu jeito seco foi herdado com tanto carinho do seu Ser e que apesar de o negar, sou o reflexo do amor dele.

Ainda me protege em sonhos. Ainda me agarra na mão e obriga a andar. Ainda me sorri e faz travessuras. Ainda me recorda com frequência que não estou sozinha e que esperará naquela paragem as vezes que forem precisas, o tempo que fôr preciso para que eu me diverta sem preocupações.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Conexão

Há coisas que nos espantam, que nos surpreendem.

Neste mundo, terreno ou não terreno que nos suporta, dá vida e orienta, existe uma qualquer força que nos une, movimenta e ajuda.
Hoje estou mais crente do que nunca de que não estamos sós.
Somos e formamos uma energia que não tem explicação, mas que não nos abandona nunca.

Vivo uma experiência que nunca tinha vivido antes.

Lembro-me dos dias em que as coisas corriam mal...lembro-me de dias distantes e difíceis em que tudo era complicado, tirado a ferros!...lembro-me de chorar, de desesperar e de acreditar piamente que nunca as coisas seriam fáceis para mim e que há pessoas que têm tudo facilitado por uma qualquer energia ou superioridade que lhes permite flutuar pela vida sem dificuldades, e que outros, como eu, embora sem terem do que reclamar, teriam sempre de lutar para chegar onde achavam que deviam.

Hoje concluí que algo devo estar a fazer, ou devo ter feito para ter a sorte que tenho de ter a família que tenho, os amigos que tenho, a vida que levo e nunca, nunca ter estado realmente só em nenhuma luta, por muito dificil que fôsse. Nem sempre as coisas foram fáceis, mas poderiam ter sido bem mais difíceis ou complicadas, e muitas vezes, eu sei, que fui eu que fui atrás dessas dificuldades.
Não tenho dúvidas de que sempre lutei por tudo o que obtive mas se não fôssem as pessoas que tenho ao lado, metade do que sou hoje eu não seria.

Hoje experimentei e assimilei pela primeira vez que o céu está do nosso lado.
Hoje caiu sobre mim uma qualquer noção, iluminação, uma "coisa" que me fez perceber que há algo que me ajuda, que me acompanha e que seja o que fôr um dia vou ter de retribuir, e espero do fundo do meu Ser ter a capacidade de o ver com clareza e poder fazê-lo tão bem como hoje o fazem diáriamente por mim. Espero conseguir ver claramente que está na minha hora de fazer o mesmo pelos outros...que não é pouco!!
Acho realmente que hoje assimilei o que é a generosidade.

Espero que o que aprendi nunca desapareça do meu cérebro e que o meu coração consiga ser tão aberto e tão generoso como o dos que me rodeiam. Que bom sentir que mesmo dadas as minhas condições não estou sozinha e sou, sim, sem a menor dúvida, sou feliz! Que mais poderia ser se não simplesmente uma pessoa feliz?
Que sensação estranha e plena e que tão estranhamente não está relacionada com qualquer relação amorosa, mas simplesmente com a compreensão de que o mundo não me dificulta nada, e pelo contrário me ajuda em todos os sentidos!

Acho que se não fôssem as dificuldades que vivi, e na verdade chamar-lhe dificuldades parece-me neste momento tão superficial, não seria capaz de o ver com tanta clareza como o vi hoje.

Será que algum dia conseguirei realmente explicar por palavras o que sinto?
Será que algum dia conseguirei ser para os outros o que hoje são para mim?
Será que tenho em mim a generosidade para dar como hoje recebo?
Será que sou capaz de acreditar sempre nesta força e deixar que ela me guie sem duvidar?

Não sei...mas espero pelo menos nunca esquecer este período da minha vida e tudo o que ele me ofereceu!

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

há que saber usar as palavras

Não me contive, e depois de ler isto tive de transportar para aqui estas palavras...chamem-me o que quiserem, mas nada como saber usar as palavras!

"Às vezes dizes que não te ouço. Não é verdade. Eu ouço-te sempre, só que às vezes não sei o que dizes. E não, não é por não te compreender. É porque gosto de mergulhar na tua voz em inconstantes apneias de Amor. Nunca dançaste ao som duma música sem ligar nada à letra? Pois é isso mesmo, às vezes falas e eu danço. Porque te amo."

Garras e asas de condor...

Neste grandioso dia, achei por bem deixar a minha mensagem...

Desde sempre que este poema me acompanhou... se estou triste, são os seus versos que canto...se estou apaixonada canto-o ainda mais alto...se estou bem, nem me lembro dele!

No entanto, hoje, dia dos namorados em Portugal, resolvi recordar os meus dias de paixão e o que fiz um dia para alguém especial que ainda guardo comigo.

A essa pessoa que não houve os meus murmúrios, aqui fica um recuerdo de bons tempos...

Ser Poeta é ser mais alto,
É ser maior do que os homens
Morder como quem beija,
É ser mendigo e dar como quem seja,
Rei do Reino de Aquém e de Além dor.

É ter de mil desejos o esplendor,
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede fo infinito!
Por elmo as manhãs de ouro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito

E é amar-te assim, perdidamente,
E é seres Alma e Sangue a vida em mim,
E dizê-lo cantando a toda gente...

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

De tudo...nada...

um dia falei de saudade...de como falar sobre o que nos dá saudade torna a ausência mais pesada...
um dia falei de força...de como pode ser audaz como uma espada que abre caminho e outras vezes essa mesma espada ter o peso de uma cruz dificil de transportar ao longo do caminho...
um dia falei do vazio...de como a sua presença consegue encher o espaço e esvaziar a alma...
uma vez falei de mim...de como abarco tanto e ao mesmo tempo não deixo que me limitem...
uma vez falei de ti, de quem me ama...de como isso me faz falta e mesmo assim não me acalma...

falei...falei...falei...e no entanto, por mais que escute, parece que não ouço...e a ausência entristece, e a cruz é arrastada pelo chão deixando marcas que ninguém vê, e o vazio sufoca, e o espaço livre não me conforta...e a calma não me satisfaz...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Escolhas

1 ano desde que me afastei do meu mundo e parti...

...e eu ainda não sei se me sinto feliz ou infeliz...Quanto faltará para perceber isso?