sexta-feira, setembro 30, 2011

À porta fechada

Eles são vários.
Não me posso queixar. Embora o faça. Talvez numa tentativa de camuflar uma solidão, um isolamento auto-imposto e natural.

Todos os dias me encontro com um deles.
Uma palavra, um comentário, um olhar...

Aos pouco apercebo-me que sou eu quem se ausenta, sou eu quem se desvia e retrai.
Não percebo porquê que a porta se trancou nem imagino quando a chave rodará novamente na fechadura já ressequida do tempo e da falta de uso.
A porta está fechada e não se sabe quando se abrirá de novo...

Limpezas

O silêncio que nos fica na alma após a ausência de alguém a quem queremos bem, é algo inexplicável...

Cada um tem o seu processo de adaptação, análise, interiorização...uns preferem ausentar-se de sentimentos, outros inundar-se deles...eu descobri que não estou bem nem de um modo nem do outro. Prefiro calar e perder-me no esforço do corpo e no esquecimento do espírito. Na verdade, só consegui absorver o acontecimento após diluir-me na água das limpezas, no pó das varridelas, no pano da loiça e na companhia de uma casa vazia e ao mesmo tempo tão cheia dos últimos pequenos almoços e serões prolongados!

A casa ficou um mimo, e eu fiquei limpinha de alma...ou pelo menos, com a ilusão de que tudo está onde deve estar, arrumado e ordenado.