quinta-feira, junho 04, 2009

Ilusões

Habituamo-nos às coisas e muitas vezes de tal forma que as começamos a idealizar, a criar uma imagem da realidade que por vezes pode ser completamente distorcida da realidade.

Esperar por alguém, dedicarmo-nos, ou muitas vezes apenas imaginar essa pessoa pode ser bom e mau...Apoiamo-nos nessa existência, depositamos nela os pensamentos que flutuavam pela nossa cabeça sem dono ou objecto de paixão...São bengalas fortes, retiradas dos mais antigos carvalhos e que nos ajudam a não dobrar e a manter os ramos altos e viçosos. O perigo está em habituarmo-nos a este apoio, e como os relógios do Dalí, passarmos a ser uma imagem mole, que sem a bengala de suporte se espalharia pelo chão com os ponteiros a contar os minutos que passam com lentidão entediante.
Mas o Dalí nunca soube ser entediante...e agarramo-nos à ideia de que se um dia perdermos a bengala poderemos sempre escorregar para outro apoio e assim seguimos perdidos por realidades surrealistas, criadas por nós e fundamentadas apenas na nossa vontade de ver as coisas como as queremos ver.

O cérebro precisa de ser estimulado...precisamos de criar ilusões para que as células não morram e sejam constantemente renovadas.

Não tenho feito eu outra coisa senão isso mesmo...o meu cérebro deve estar tão estimulado que já deve até ter inchado! Só não me sai pelas orelhas porque de tanta ilusão já se compactou dentro da caixa craniana...talvez isto explique os mil e um pensamentos que teimam em reaparecer como luzes de néon insistentes e ofuscantes...

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